COP Internacional vai discutir a expansão e conflitos das facções criminosas no Brasil


Por Redação

25/07/2024  às  16:48:25 | | views 3431


@Enrico Hänel/pexels

Com ênfase na atuação do Primeiro Comando Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV), palestrantes apresentarão uma perspectiva sobre crimes transnacionais e as respostas da polícia para a criminalidade organizada.


O Congresso de Operações Policiais – COP Internacional trará para debate a atuação das duas principais facções criminosas brasileiras: o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). A palestra de Christian Vianna de Azevedo, atual Subsecretário de Integração e Segurança Pública de Minas Gerais terá como tema os crimes transnacionais, com ênfase na expansão do PCC e principais aspectos do tráfico de drogas e armas no país. A questão da criminalidade organizada no Rio de Janeiro e as respostas de enfrentamento da Polícia e do Estado serão abordados por Alexandre Abrahão, Juiz de Direito titular da 3ª Vara Especializada em Crime Organizado no RJ. O evento está agendado para os dias 16 a 18 de outubro, em São Paulo-SP.

 

PCC – Organização transnacional

O PCC teve sua origem em 1993, no sistema prisional de São Paulo, inicialmente como um grupo de ajuda mútua entre presos em resposta às condições carcerárias. Na década de 1990 o grupo criminoso era engajado em diversas atividades criminosas, e, ao longo de sua evolução no mundo do crime, o tráfico de cocaína logo se tornaria a sua atividade mais lucrativa. Durante o início dos anos 2000, liderado pelo traficante Marcola, a facção incorporou táticas terroristas em suas práticas, resultando em ações violentas que marcaram a época, como as tentativas de atentados contra o Fórum da Barra Funda e a Bolsa de Valores de São Paulo e os ataques massivos, em 2006, contra as forças de segurança em São Paulo. De acordo com Christian, neste mesmo período, o grupo iniciou sua transnacionalização, deixando gradativamente de negociar drogas com intermediários no Brasil e estabelecendo presença direta em países fornecedores de cocaína como a Bolívia, Colômbia e Peru.

 

“O PCC viu no tráfico transnacional de cocaína uma fonte muito lucrativa e a sua expansão internacional incluiu a parceria com terroristas e facções de países como a Venezuela, Colômbia, Nigéria e países da Europa, estabelecendo rotas para exportar a droga para a Europa via África Ocidental. Hoje, a integração também é ativa com carteis mexicanos, máfia italiana e outras facções globais”, afirma o Subsecretário. Estimativas atuais apontam que um terço de toda a cocaína que chega ao continente europeu passa por essa rota da África Ocidental, em um momento em que o Brasil figura como maior país de trânsito de cocaína no mundo e o segundo maior consumidor.

 

Crime organizado no Rio de Janeiro

O Comando Vermelho foi fundado em 1979 no presídio de Ilha Grande, a partir do encontro de criminosos comuns e presos políticos que lutavam contra o Governo Militar. Diferente do PCC, o CV sempre teve uma caráter bélico, com armas e lutas por território, competindo com outros grupos criminosos cariocas, como o 3º Comando e ADA (Amigos dos Amigos). Nos anos 2000 o grupo perdeu força com investidas da Segurança Pública para preparar o Rio de Janeiro para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Com a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), iniciou um movimento centrífugo em que integrantes do grupo migraram para outras cidades do Estado, abrindo espaço para a chegada e fortalecimento das milícias.

 

O Juiz Alexandre Abrahão destaca que, após a morte da vereadora Marielle Franco, em 2018, o Comando Vermelho deixou de ser o inimigo público número um, posto assumido pelas milícias, o que permitiu que a facção de traficantes reassumisse o território da capital carioca. “Atualmente o CV domina 80% das cerca de 1400 comunidades do Rio de Janeiro, o que representa uma reversão forte do quadro”, descreve Abrahão. Além da presença no Estado fluminense, o grupo está presente também na Bahia, Espírito Santo, Pará e Amapá.

 

Durante o COP Internacional os palestrantes levarão mais detalhes e estratégias de enfrentamento das facções, bem como ações planejadas pelas forças de Segurança Pública. João Sansone, especialista em segurança pública, idealizador e responsável pela organização do COP 2024, enfatiza a importância de trazer ao debate a complexidade do combate ao crime organizado no Brasil. “Tratar a criminalidade no país não é uma responsabilidade apenas da polícia, mas deve ser feito através de um esforço combinado entre as Polícias, Ministério Público, Judiciário e também do setor privado, legitimando a presença do Estado e oferecendo estrutura para reduzir a influência das facções no dia-a-dia da população”, argumenta Sansone.

 

Serviço:
Evento: Congresso de Operações Policiais – COP Internacional 2024
Data: 16 a 18 de outubro de 2024
Inscrições: https://cop.pro.br/
Local: São Paulo Expo - Rodovia dos Imigrantes, 1,5 km - Vila Água Funda, São Paulo-SP.



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