Especialistas debatem caminhos para enfraquecer a economia do crime organizado


Por Redação

29/10/2025  às  08:29:23 | | views 662


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Painel em São Paulo reuniu autoridades da segurança e da justiça para debater estratégias de combate às facções criminosas, integração entre instituições e reforma do sistema prisional brasileiro


O Congresso de Operações Policiais – COP Internacional, realizado entre os dias 23 e 25 de outubro em São Paulo (SP), reuniu especialistas das áreas de segurança pública, justiça e investigação criminal para discutir a economia do crime organizado e as estratégias de enfrentamento e desmantelamento das facções no Brasil.

 

Entre os participantes estiveram Ronaldo Sayeg, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC); o juiz Alexandre Abraão, da 3ª Vara Especializada em Crime Organizado do TJRJ; o promotor Carlos Bruno Gaya da Costa, do GAECO; o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Artur Dian; e o promotor de Justiça Luciano Lara.

 

Sistema prisional e economia do crime

O delegado-geral Artur Dian abriu o painel destacando que enfraquecer a economia do crime é um desafio “global e contemporâneo”. Em seguida, questionou o promotor Luciano Lara sobre como o sistema penal brasileiro contribui para o fortalecimento das facções.

 

Lara afirmou que o atual modelo “permite que lideranças criminosas continuem comandando suas operações de dentro dos presídios”. Segundo ele, o enfrentamento ao crime organizado “passa obrigatoriamente por uma reforma no sistema prisional”.

 

O promotor destacou ainda a superlotação carcerária como um dos principais gargalos. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há mais de 490 mil presos no país e menos de 500 mil vagas disponíveis. “A progressão de regime e a reincidência custam caro ao Estado e reforçam na sociedade a sensação de impunidade”, afirmou.

 

Lara também comparou o sistema judicial brasileiro com o norte-americano, onde 95% dos crimes são resolvidos por acordos, sem necessidade de júri. “Aqui, o crime custa ao país cerca de 4,2% do PIB ao ano”, completou.

 

Ações integradas e inteligência financeira

O diretor do DEIC, Ronaldo Sayeg, apresentou um estudo de caso sobre roubo e adulteração de ouro em São Paulo, onde o grama do metal ultrapassa R$ 700. Segundo ele, o sucesso da operação se deveu à integração entre forças de inteligência e à cooperação com a Agência Nacional de Mineração.

 

Já o juiz Alexandre Abraão alertou para a expansão territorial das facções criminosas. “Hoje, cerca de 27% do território nacional já está sob influência do crime organizado. Só com união entre os órgãos de segurança e inteligência será possível reverter esse quadro”, afirmou.

 

O promotor Carlos Bruno Gaya da Costa, do GAECO, reforçou a importância do trabalho conjunto entre diferentes instituições, como Receita Federal, Banco Central, COAF e CADE. “O cruzamento de dados e o monitoramento financeiro são as principais ferramentas para cortar o suprimento das organizações criminosas”, destacou.

 

Gaya também elogiou o COAF, que, segundo ele, tem se reestruturado após um período de enfraquecimento institucional. “O fortalecimento da inteligência financeira é essencial para sufocar economicamente as facções e reduzir sua capacidade de influência”, concluiu.

 

O debate no COP Internacional reforçou o consenso entre especialistas: o combate ao crime organizado exige integração, tecnologia e uma profunda reforma no sistema prisional, para que o enfrentamento seja efetivo e sustentável a longo prazo.



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