Fórum discute papel do Nordeste na economia de baixo carbono


Por Redação

24/10/2025  às  08:12:02 | | views 688


@Fernando Cavalcante
Presidente do Consórcio Nordeste e governador do Piauí, Rafael Fonteles

Evento em Fortaleza reúne governos, especialistas e investidores para debater estratégias de transição energética e atração de cadeias produtivas sustentáveis.


Fortaleza (CE) – A criação do Fórum Interinstitucional de Powershoring e um acordo de cooperação entre o Instituto Clima e Sociedade (iCS) e o governo de Sergipe marcaram a abertura do seminário “Como Escalar e Acelerar os Investimentos Sustentáveis no Nordeste: As Oportunidades do Powershoring”, realizado nesta quinta-feira (23), em Fortaleza.

O evento, promovido pelo Consórcio Nordeste, Banco do Nordeste (BNB) e iCS, reuniu especialistas, representantes de governos estaduais, investidores e instituições multilaterais para discutir caminhos que posicionem o Nordeste como polo estratégico da transição energética e da indústria de baixo carbono no país.

 

Fórum para acelerar cadeias produtivas verdes

O Fórum de Powershoring será uma instância permanente de cooperação entre governos, setor privado, centros de pesquisa e sociedade civil. A proposta é coordenar ações que atraiam investimentos e acelerem cadeias produtivas sustentáveis baseadas no potencial energético da região — especialmente em fontes eólica, solar e biomassa.

 

Segundo o governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste, Rafael Fonteles, o movimento representa uma oportunidade histórica de reindustrialização.

 

“O Nordeste tem uma vantagem competitiva única, nacional e internacionalmente, por sua abundância de energia renovável. Este é o momento de preparar a região para uma virada industrial baseada em nossas vocações naturais”, afirmou.

 

O Fórum será estruturado com um Comitê Gestor, responsável pela coordenação política; um Secretariado Executivo, para articulação técnica; e grupos de trabalho temáticos, que atuarão em frentes como infraestrutura verde, atração de investimentos, financiamento e cadeias de valor.

 

Parceria para economia verde em Sergipe

Durante o evento, foi firmado um acordo entre o iCS e o governo de Sergipe, por meio da agência de desenvolvimento Desenvolve-SE, para apoiar políticas de transição energética e industrialização sustentável no estado.

 

O presidente da agência, Milton Andrade, destacou que a parceria faz parte da implantação do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI Verde), voltado à descarbonização e à economia verde.

 

“É um passo importante para fortalecer o fundo soberano e viabilizar instrumentos financeiros que apoiem a indústria sustentável sergipana”, afirmou.

 

Nordeste como referência global em energia limpa

O seminário também debateu o papel do Nordeste como referência global em soluções climáticas, capazes de gerar crescimento econômico, empregos verdes e fortalecer a governança regional.

 

De acordo com Aldemir Freire, diretor de Planejamento do BNB, o banco tem ampliado o apoio à transição energética no país.

 

“O Nordeste já é líder em geração de energia limpa, mas precisamos fortalecer a transmissão e a infraestrutura para transformar esse potencial em novos negócios regionais”, avaliou.

 

Atualmente, estados como o Ceará despontam como potenciais produtores de hidrogênio verde (H?V), mas ainda enfrentam gargalos logísticos e de conexão energética.

 

Investimentos bilionários em transmissão

O evento também abordou a importância da infraestrutura elétrica para viabilizar a transição energética.

 

O executivo Chen Mingming, diretor financeiro da State Grid Brazil Holding, destacou o projeto de construção da maior linha de transmissão do país, ligando o Nordeste a Goiás.

 

“Serão R$ 23 bilhões em investimentos, com geração de 30 mil empregos diretos e capacidade de transmissão de 5 gigawatts — o equivalente a quase 40% de toda a atual capacidade da região”, explicou.

 

Frank Yu, da empresa Envision Energy, ressaltou que o Brasil reúne condições ideais para atrair indústrias verdes.

 

“No Nordeste, 95% da matriz energética já é renovável. Isso significa que os produtos industriais podem nascer certificados como verdes”, afirmou.

 

Conceito e parceiros

O conceito de Powershoring — termo cunhado pelo economista Jorge Arbache, da Universidade de Brasília — descreve a realocação de indústrias para regiões com abundância de energia renovável competitiva. O modelo tem ganhado força globalmente como estratégia de descarbonização.

 

Entre os parceiros do evento estão o UK PACT (Partnering for Accelerated Climate Transitions), o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), o Instituto E+ Transição Energética, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).



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