Ataques em Gaza deixam 62 mortos; cresce pressão por investigação internacional
Por Richard Wolf - enviado especial
27/06/2025 às 13:31:09 | | views 898 @ reprodução/tv estatal
Defesa Civil local registra vítimas, incluindo pessoas que aguardavam ajuda humanitária; Israel nega disparos intencionais e abre investigação
Ao menos 62 pessoas morreram nesta sexta-feira (27) em ataques atribuídos às forças israelenses na Faixa de Gaza, segundo a Defesa Civil local. De acordo com o porta-voz Mahmoud Bassal, dez das vítimas aguardavam em fila por ajuda humanitária no momento do ataque. As informações foram divulgadas pela agência AFP.
O Exército de Israel negou ter realizado disparos contra civis durante a distribuição de alimentos e declarou que está investigando os incidentes, embora tenha contestado veementemente as acusações.
Funcionários de ONG mortos em ataque de drone
A ONG internacional Ação Contra a Fome informou que dois de seus funcionários, identificados como Mohammed Hussein e Obada Abu Issa, morreram em um ataque de drone israelense. O bombardeio ocorreu em uma área densamente povoada, sem qualquer aviso prévio de evacuação, segundo nota oficial. As vítimas estavam de folga no momento do ataque.
Pressão internacional aumenta
O Ministério da Saúde de Gaza informou que, ao todo, 72 pessoas morreram ao longo do dia em ações envolvendo as forças israelenses. O grupo Hamas solicitou formalmente à ONU a criação de uma comissão internacional para investigar as mortes de civis durante a distribuição de ajuda humanitária.
“Pedimos à ONU que estabeleça uma comissão internacional para investigar esses crimes e punir os responsáveis”, afirmou o grupo em comunicado.
Soldados relatam ordens para atirar em civis
O jornal israelense Haaretz publicou relatos de soldados que afirmam ter recebido ordens para disparar contra multidões de civis próximas a centros de distribuição de alimentos da organização Gaza Humanitarian Foundation (GHF), apoiada por Israel e Estados Unidos. Segundo as denúncias, pelo menos 19 incidentes desse tipo já ocorreram, resultando em aproximadamente 549 mortos e mais de 4.000 feridos.
Em resposta, o Exército israelense informou que está apurando os relatos, mas negou ter emitido ordens para uso deliberado de força letal. Autoridades militares afirmam que os tiros foram "de advertência" e anunciaram medidas operacionais adicionais, como novas cercas e rotas seguras para a entrega de ajuda.
Críticas internacionais e cenário humanitário
Organizações como a ONU e Médicos Sem Fronteiras criticaram o atual modelo de distribuição de ajuda, classificando-o como "inseguro" e responsabilizando-o por mortes de civis. A ONU considera o sistema de entrega como “inherently unsafe” (intratável, por natureza).
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa, Israel Katz, rebateram as acusações, chamando os relatos de “mentiras cruéis”. Ambos afirmaram que eventuais violações serão investigadas, mas culparam o Hamas pelo colapso das operações humanitárias na região.
Conflito entra no nono mês com saldo devastador
O conflito atual teve início em 7 de outubro de 2023, após um ataque do Hamas em território israelense que deixou cerca de 1.200 mortos, em sua maioria civis, e resultou no sequestro de mais de 250 reféns. Desde então, a ofensiva israelense em Gaza causou mais de 56.000 mortes, segundo o Ministério da Saúde local, e devastou a infraestrutura da região, agravando a crise humanitária.