Irã e Israel trocam ataques em escalada sem precedentes no Oriente Médio


Por Richard Wolf - enviado especial

13/06/2025  às  16:42:45 | | views 897


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Explosões em Tel Aviv, Teerã e Isfahan marcam início da \"Operação Leão em Ascensão\"; risco de guerra regional cresce


Tel Aviv e Jerusalém foram sacudidas por sirenes e explosões na noite desta sexta-feira (horário local), após o que autoridades israelenses afirmaram ser o lançamento de mísseis balísticos pelo Irã. A ofensiva é uma resposta direta ao que Teerã classifica como o maior ataque já realizado por Israel contra o país, incluindo bombardeios à instalação nuclear de Natanz e à cidade de Isfahan.

 

Segundo a agência estatal iraniana IRNA, centenas de mísseis foram lançados como parte da retaliação, elevando dramaticamente a tensão entre os dois países. O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, acusou Israel de iniciar uma guerra. Em contrapartida, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que os bombardeios fazem parte da chamada “Operação Leão em Ascensão”, destinada a neutralizar uma ameaça “existencial”.

 

Alvo: programa nuclear

O centro da disputa permanece o programa nuclear iraniano. Israel alega que a operação visa impedir o Irã de desenvolver armas atômicas, enquanto Teerã insiste que suas instalações têm fins exclusivamente civis. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), porém, concluiu recentemente que o Irã está violando suas obrigações sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear.

 

As primeiras informações indicam que as forças israelenses atingiram pelo menos duas instalações nucleares iranianas, incluindo o complexo de Isfahan, enquanto defesas aéreas foram ativadas em Teerã. A dimensão dos danos, no entanto, ainda é incerta.

 

Impacto humano e militar

Embora não haja, até o momento, confirmação oficial de mortos em Israel, autoridades iranianas afirmam que ao menos 80 civis morreram e mais de 300 ficaram feridos, com seis cientistas nucleares e vinte altos comandantes militares entre os mortos, incluindo o chefe do Estado-Maior iraniano, general Mohammad Bagheri, e o comandante da Guarda Revolucionária, Hossein Salami.

 

A substituição de Salami por Mohammad Pakpour foi anunciada rapidamente. Em carta pública, Pakpour prometeu "abrir as portas do inferno para o regime que mata crianças", elevando o tom belicista no país.

 

A resposta popular no Irã é dividida: relatos indicam cenas de pânico, fuga em massa de cidades e corrida por dólares, ao mesmo tempo em que membros da milícia Basij juram lealdade à causa nuclear iraniana.

 

Riscos regionais e retaliações por procuração

Além do confronto direto, o conflito reativa antigas redes de milícias aliadas ao Irã. Um míssil disparado do Iêmen, por forças Houthi, atingiu a cidade de Hebron, na Cisjordânia ocupada, ferindo três crianças palestinas, segundo o Crescente Vermelho. Contudo, a capacidade de retaliação do Irã por meio de aliados como Hezbollah, Hamas e regime sírio está significativamente reduzida, após perdas acumuladas nos últimos anos.

 

EUA e negociações incertas

Em um tom ambíguo, o ex-presidente dos EUA Donald Trump, que se pronunciou como se estivesse em exercício, afirmou que ainda “não é tarde demais” para Teerã retomar negociações sobre seu programa nuclear. Em entrevista à Reuters, Trump disse ter conhecimento prévio do ataque israelense e declarou que tentou evitar a escalada: “Tentei salvar o Irã da humilhação e da morte”.

 

Mesmo com o confronto em curso, Trump manteve na agenda a rodada de negociações prevista para domingo, embora tenha admitido incertezas sobre sua realização.

 

Petróleo, temor global e reações diplomáticas

A ofensiva gerou forte reação nos mercados. O preço do barril de petróleo disparou, impulsionado pelo temor de um conflito mais amplo em uma das regiões mais estratégicas para o fornecimento global de energia. Apesar disso, a OPEP afirmou que, por ora, não haverá mudanças na oferta.

 

Enquanto a comunidade internacional observa com preocupação, ainda não houve pronunciamentos formais das Nações Unidas ou de outras grandes potências. A escalada coloca em xeque o frágil equilíbrio geopolítico do Oriente Médio e reacende temores de uma guerra regional de grandes proporções.



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