IBGE reúne 30 países em Fortaleza para debater soberania de dados no Sul Global


Por Redação

30/05/2025  às  08:52:30 | | views 912


© José Cruz/Agência Brasil

Fórum internacional discutirá integração estatística, desafios ambientais, desigualdade e desenvolvimento digital a partir da perspectiva dos países em desenvolvimento


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) promove, entre os dias 11 e 13 de junho, em Fortaleza (CE), o Triplo Fórum Internacional de Governança do Sul Global, que reunirá representantes de 30 países para discutir temas como soberania de dados, desigualdade, meio ambiente, juventude e economia digital. O evento é organizado em parceria com o governo do Ceará e conta com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

 

Serão mais de 100 conferencistas, brasileiros e estrangeiros, debatendo 35 temas com foco na integração de dados e na construção de novos indicadores voltados para a realidade do Sul Global na era digital. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até 8 de junho.

 

Em entrevista, o presidente do IBGE, Márcio Pochmann, destacou a importância da soberania sobre os dados nacionais diante do crescente uso de informações por grandes empresas estrangeiras. Segundo ele, o fórum é uma oportunidade para fortalecer a articulação entre países em desenvolvimento, promover a cooperação internacional e gerar subsídios para eventos multilaterais como a Cúpula do BRICS, no Rio de Janeiro, e a COP30, em Belém.

 

“É dramático um país não ter a soberania dos seus próprios dados, enquanto empresas estrangeiras detêm mais informações do que instituições nacionais”, afirmou Pochmann. Ele ressaltou que a integração entre bancos de dados de diferentes áreas — como saúde, educação e assistência social — é fundamental para formular políticas públicas eficazes.

 

O evento também celebra os 89 anos do IBGE e marca a entrada do instituto na elite do sistema estatístico global, após sua eleição para o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas. De acordo com Pochmann, o Brasil passa a exercer papel de liderança nos BRICS, no Mercosul e entre países de língua portuguesa, ao coordenar a produção e padronização de indicadores voltados à realidade do Sul Global.

 

Além dos debates técnicos, o fórum terá foco especial na juventude, no emprego informal e na valorização do trabalho doméstico, temas comuns a vários países em desenvolvimento. “Hoje, só é reconhecido quem trabalha fora de casa. Mas há milhões de pessoas, especialmente mulheres, realizando trabalho não remunerado que sustenta as economias. Essa é uma pauta urgente para o Sul Global”, afirmou.

 

Pochmann também defendeu o uso de novas metodologias, como o aproveitamento de dados fiscais eletrônicos para medir preços e consumo, além da adoção de perguntas mais adequadas à realidade da economia digital. “Não se pergunta mais se a pessoa tem emprego, mas se ela gera renda. Isso muda a forma como entendemos o trabalho.”

 

Com foco em integração regional, inovação estatística e soberania informacional, o fórum busca reposicionar os países do Sul Global como protagonistas na produção de conhecimento sobre si mesmos — e não apenas consumidores de dados gerados por outros. “Estamos vivendo um deslocamento do centro dinâmico do mundo. O protagonismo do Sul precisa vir com responsabilidade e estratégia”, concluiu Pochmann.



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