Cibersegurança em alta no mundo: Brasil precisa acelerar para não ficar para trás
Por Redação
09/05/2025 às 11:43:30 | | views 2516 @MOTIM/divulgação
Enquanto países como Índia, Singapura e Israel avançam com estratégias robustas, o Brasil ainda adota uma postura reativa; especialista defende investimento em formação técnica, startups e cooperação internacional.
Com o avanço acelerado da transformação digital, empresas e governos ao redor do mundo enfrentam um desafio crescente: proteger dados e sistemas em um ambiente virtual cada vez mais exposto a ameaças. Nações como Índia, Singapura e Israel já se consolidaram como referências globais em cibersegurança. O Brasil, no entanto, ainda caminha para estabelecer uma estratégia eficaz e sustentável no setor.
De acordo com Caio Telles, CEO da BugHunt — primeira plataforma brasileira de Bug Bounty na América Latina — o país precisa de uma abordagem nacional estruturada, com foco em formação técnica, pesquisa e fomento à inovação. “É essencial ampliar a base de profissionais qualificados, reduzir entraves burocráticos e fortalecer o ecossistema de startups de segurança digital. Sem isso, corremos o risco de perder competitividade internacional”, afirma.
Modelos globais de sucesso
Enquanto o Brasil ainda estrutura sua atuação, outras nações avançam com modelos distintos, porém com pilares em comum: visão estratégica, investimento contínuo e integração entre governo, setor privado e academia.
A Índia, por exemplo, tornou-se um polo global de exportação de serviços digitais, apostando fortemente na formação massiva de especialistas. Em 2024, o mercado indiano de cibersegurança foi estimado em US$ 4,7 bilhões e pode chegar a US$ 10,9 bilhões até 2029. Singapura, por sua vez, construiu uma infraestrutura digital segura por meio de parcerias público-privadas e de uma governança digital avançada. Já Israel destaca-se pela inovação, reunindo centenas de startups e promovendo forte colaboração entre forças armadas, universidades e empresas.
Brasil ainda reage mais do que se antecipa
Segundo Telles, o cenário brasileiro ainda é marcado por uma cultura reativa. “Muitas empresas só investem em cibersegurança depois de sofrerem ataques. A proteção digital ainda não é vista como parte essencial da estratégia de negócios”, alerta. Outro gargalo é a falta de profissionais especializados, agravada pela pouca valorização da segurança na fase inicial de projetos.
Apesar das limitações, há sinais positivos. Um estudo recente da NordVPN aponta que o Brasil subiu para a 6ª colocação no ranking global de conhecimento em cibersegurança e privacidade, indicando maior conscientização por parte dos usuários.
Lições internacionais e caminhos para o avanço
Para o CEO da BugHunt, o Brasil pode e deve aprender com experiências de sucesso mundo afora. “A principal lição é a antecipação. Equipes treinadas, planos de resposta, simulações de crise e investimentos em detecção precoce são medidas adotadas por países que lideram o setor”, destaca.
Além disso, ele ressalta que a colaboração entre governo, universidades e setor privado é uma peça-chave para o progresso brasileiro. “É preciso apoiar a formação de talentos, incentivar programas como Bug Bounty — que recompensa a identificação de falhas — e criar um ambiente propício à inovação.”
Potencial existe, mas exige ação
Telles conclui que o Brasil tem condições de ocupar um papel de destaque global na cibersegurança, desde que aposte em ações estruturadas e de longo prazo. “Investir desde a base educacional, apoiar startups e fortalecer a cooperação internacional são passos fundamentais. Temos o talento e a demanda — falta agora uma estratégia nacional integrada e ousada.”