SP prioriza câmeras corporais em batalhões com maior letalidade policial


Por Redação

08/05/2025  às  17:23:25 | | views 2512


© Rovena Rosa/Agência Brasil

Medida é resultado de acordo homologado pelo STF e prevê uso obrigatório e remoto dos equipamentos em grandes operações e comunidades vulneráveis


Os batalhões da Polícia Militar de São Paulo com os maiores índices de letalidade policial passarão a ter prioridade na distribuição e uso de câmeras operacionais portáteis (COPs). A decisão integra um acordo firmado entre a Defensoria Pública, o Ministério Público e o governo do estado, homologado nesta quinta-feira (8) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Além da prioridade na distribuição dos dispositivos, o acordo determina que o uso das câmeras será obrigatório em grandes operações policiais, incursões em comunidades vulneráveis e ações em resposta a ataques contra policiais militares. Nestas situações, as gravações serão acionadas automaticamente e de forma remota pelo Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), garantindo registros ininterruptos das ações.

 

Outro avanço importante é o aumento no número de câmeras corporais: o total de dispositivos passará de 10.025 para 15.000. A distribuição obedecerá a uma matriz de risco, com 80% das novas unidades alocadas em batalhões de alta e média letalidade.

 

De acordo com o documento, os policiais escalados para as operações prioritárias devem, preferencialmente, estar equipados com COPs. Se isso não ocorrer, o motivo deverá ser tecnicamente justificado.

 

O acordo também incorpora inovações tecnológicas que impedem o desligamento manual das câmeras e garantem o acionamento automático por Bluetooth. A Defensoria Pública do Estado de São Paulo, que teve papel central na negociação, participará da definição dos indicadores e do monitoramento da política pública.

 

“Nosso compromisso é seguir monitorando o cumprimento da política e atuando para ampliar a transparência na segurança pública, sempre em defesa dos direitos da população”, afirmou a defensora pública-geral de São Paulo, Luciana Jordão.

 

Histórico da atuação

A atuação da Defensoria teve início em setembro de 2023, com o ajuizamento de uma ação civil pública exigindo o uso obrigatório das câmeras em operações na Baixada Santista. A ação contou com apoio das organizações Conectas Direitos Humanos e Plataforma Justa. Após decisões judiciais divergentes e a escalada da letalidade na região, o caso chegou ao STF.

 

Em dezembro de 2024, o ministro Luís Roberto Barroso reconheceu os riscos à segurança pública diante da ausência de regulamentação e determinou a manutenção do modelo de gravação ininterrupta, além de impor regras obrigatórias para o uso das câmeras. A decisão também exigiu informações sobre a distribuição dos dispositivos e os processos disciplinares da corporação.

 

Entre abril e maio de 2025, três audiências de conciliação mediadas por Barroso resultaram na formalização do acordo, que inclui a criação de indicadores de avaliação e relatórios trimestrais de monitoramento, além da publicação de informações no portal da Secretaria da Segurança Pública.

 

O que muda com o acordo

Antes:

Uso restrito a alguns batalhões

• Sem obrigatoriedade em grandes operações ou áreas vulneráveis

• Sem acionamento automático ou remoto

• Falta de critérios objetivos de distribuição

• Baixa transparência e ausência de indicadores

 

Agora:

• Uso obrigatório em operações de risco e ações em comunidades vulneráveis

• Acionamento remoto e automático das gravações via Copom

• Aumento para 15 mil dispositivos, com alocação conforme a letalidade policial

• Reativação automática das gravações em caso de desligamento

• Participação da Defensoria na fiscalização e acesso extrajudicial às imagens

• Aperfeiçoamento do sistema disciplinar da PM

• Divulgação pública de dados e relatórios sobre a política de uso das câmeras

 

A iniciativa busca ampliar a transparência nas ações policiais e reduzir a letalidade, especialmente em territórios vulneráveis.



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