Crise silenciosa: afastamentos por transtornos mentais disparam


Por Redação

30/04/2025  às  12:37:07 | | views 2507


@Mizuno K/pexels

Com recorde de afastamentos por transtornos psicológicos, nova norma do Ministério do Trabalho reforça obrigação legal das empresas sobre riscos psicossociais


A saúde mental no ambiente de trabalho virou tema central no Brasil. Em 2024, o país registrou mais de 470 mil afastamentos por transtornos como ansiedade, depressão e burnout – o maior número da última década, de acordo com dados do Ministério da Previdência Social. O aumento de 68% em relação a 2023 acendeu um alerta entre empresas, especialistas e autoridades públicas, e tem pressionado o setor corporativo a repensar suas políticas de saúde ocupacional.

 

Paralelamente, um levantamento do Fórum Econômico Mundial, com apoio da Fundação Dom Cabral, projeta o declínio de cargos operacionais e administrativos nos próximos anos – justamente as funções que mais concentram afastamentos por questões emocionais no Brasil. Entre os destaques estão secretárias, operadores de telemarketing, atendentes e contadores, profissionais que enfrentam rotinas repetitivas, cobrança por metas e baixa autonomia, fatores diretamente ligados ao esgotamento mental.

 

Para Michel Cabral, CEO da Vixting – HR & Health Tech especializada em saúde ocupacional –, o problema é mais amplo. “Estamos vendo gestores, profissionais de tecnologia e líderes de projeto com níveis altíssimos de estresse e ansiedade. Os riscos psicossociais não afetam apenas setores tradicionalmente vulneráveis, como saúde e educação. É um fenômeno sistêmico”, afirma.

 

Carreiras mais suscetíveis ao burnout

Estudos internacionais, como os realizados pelo LinkedIn e pela revista Health, reforçam essa percepção. Gerentes de projeto, médicos, professores, motoristas de aplicativo, assistentes sociais e cuidadores estão entre as ocupações com maior risco de burnout. Os motivos são conhecidos: pressão constante, ausência de suporte emocional, longas jornadas e acúmulo de responsabilidades.

 

Áreas como segurança pública e privada, imprensa, aviação e serviços financeiros também aparecem com destaque, devido ao alto nível de estresse, necessidade de decisões rápidas e impacto emocional das funções. Até mesmo cargos considerados “mais leves”, como apoio técnico, atendimento ao cliente e controladoria, apresentam alta vulnerabilidade.

 

“Esses profissionais estão na linha de frente, mas muitas vezes sem respaldo ou reconhecimento. Isso fragiliza o vínculo com o trabalho e leva à exaustão silenciosa”, explica Cabral.

 

Nova regulamentação reforça responsabilidade empresarial

Com o agravamento do cenário, o Ministério do Trabalho atualizou a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que agora exige das empresas o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) incluindo, de forma explícita, os riscos psicossociais. Entre os fatores considerados estão metas abusivas, assédio, conflitos interpessoais e sobrecarga de trabalho – todos passíveis de fiscalização e passíveis de sanções legais, como multas.

 

Apesar de discussões sobre o possível adiamento das novas exigências, o tema segue em debate no Governo Federal. Enquanto isso, empresas já podem – e devem – se preparar para as mudanças. “A NR-1 representa uma virada de chave. A saúde mental passa a integrar o cumprimento de obrigações legais. Não se trata apenas de uma pauta de benefícios ou ESG, mas de um requisito técnico com impacto jurídico e financeiro”, diz Cabral.

 

A Vixting atua digitalizando processos de saúde ocupacional e permitindo que empresas monitorem riscos, automatizem atendimentos médicos e desenvolvam ações corretivas baseadas em dados, além de usar analytics para mapear padrões de afastamento e vulnerabilidades organizacionais.

 

Saúde mental e o futuro do trabalho

A crise de saúde mental no ambiente corporativo também tem provocado uma reavaliação sobre o futuro do trabalho. Segundo a plataforma OnFly, 63% das empresas pretendem aumentar os investimentos em benefícios corporativos em 2025, e 23% planejam um aumento expressivo – sinal de que o bem-estar do colaborador deixou de ser visto como luxo e passou a ser uma estratégia competitiva.

 

Nesse contexto, soluções integradas como as da Vixting mostram que é possível inovar, reduzir custos operacionais e cuidar das pessoas ao mesmo tempo. “Estamos falando de sustentabilidade humana nas organizações. As empresas que agirem agora vão sair na frente, não apenas em desempenho, mas também em reputação, cultura e retenção de talentos”, conclui Cabral.



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