Bolsonaro mobiliza apoiadores em protesto e questiona Justiça!


Por Redação

30/06/2025  às  07:12:16 | | views 904


© Rovena Rosa/Agência Brasil

Em ato com críticas ao STF e apelos por anistia aos golpistas do 8 de janeiro, ex-presidente tenta manter influência política mesmo inelegível; várias pessoas participaram da manifestação em São Paulo


Sob o slogan “Justiça Já”, a Avenida Paulista voltou a ser palco de uma manifestação em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro neste domingo (29). O ato, no entanto, mais do que um clamor genérico por justiça, evidenciou o avanço de uma narrativa que contesta abertamente as instituições democráticas brasileiras, em especial o Supremo Tribunal Federal (STF), onde Bolsonaro é réu por liderar uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.

 

A manifestação — convocada pelo pastor evangélico Silas Malafaia, com apoio explícito de governadores aliados — surge em um momento crucial do processo. Dois dias antes, o ministro Alexandre de Moraes havia aberto prazo para as alegações finais da Ação Penal 2.668, que investiga Bolsonaro e mais sete acusados de participar do que a Procuradoria-Geral da República classifica como uma trama golpista.

 

Apesar do discurso de “pacificação”, o tom do evento foi de enfrentamento. Discursos inflamados atacaram diretamente o STF e exaltaram figuras já condenadas pelos atos de 8 de janeiro de 2023 — quando a sede dos Três Poderes foi depredada em uma tentativa violenta de subverter o resultado das eleições de 2022.

 

Segundo estimativas do Monitor do Debate Político do Cebrap e da ONG More in Common, 12,4 mil pessoas participaram do protesto — número significativamente inferior aos 44,9 mil registrados em abril, no último grande ato bolsonarista. A adesão mais modesta ainda é bem superior a qualquer ato promovido por movimentos de esquerda e sindicatos nos últimos anos e mostra que, mesmo com todas as tentativas de desgaste, o ex-presidente, que está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), continua com grande apoio popular.

 

Discursos contra o Judiciário e defesa de anistia

Ovacionado por apoiadores com gritos de “mito”, Bolsonaro voltou a apelar por apoio eleitoral em 2026, sugerindo que só com 50% do Congresso sob controle da direita será possível “mudar o Brasil”. A fala, além de projetar uma permanência simbólica de Bolsonaro no cenário político, ignora sua inelegibilidade, já confirmada pela Justiça Eleitoral.

 

O ex-presidente também voltou a pedir anistia para os envolvidos nos atentados de 8 de janeiro, dizendo que a medida está prevista na Constituição. A proposta — que vem sendo encampada por parte da bancada bolsonarista no Congresso — representa uma tentativa de reescrever a gravidade dos atos golpistas, enquadrando-os como manifestações políticas legítimas, e não como crimes contra a ordem democrática.

 

Silas Malafaia foi ainda mais direto em seu ataque ao Judiciário. Chamou Alexandre de Moraes de “ditador” e desqualificou a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, peça central nas investigações da PGR. Em sua retórica, amplamente difundida nas redes bolsonaristas, há uma tentativa clara de minar a credibilidade das instituições judiciais e de seus agentes.

 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, foi o mais aplaudido e também defendeu a anistia aos golpistas, além de lançar duras críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acusou de “destruir tudo” em menos de três anos. Tarcísio chegou a dizer que “a missão de Bolsonaro não acabou” — uma frase que, à luz dos acontecimentos de 2022 e 2023, assume um tom ambíguo e inquietante.

 

Processo no STF: julgamento pode consolidar ruptura

O ato ocorre em paralelo ao andamento do processo mais grave enfrentado por Bolsonaro desde que deixou a Presidência. Acusado de cinco crimes — entre eles tentativa de golpe de Estado e organização criminosa armada —, Bolsonaro pode ser condenado a mais de 40 anos de prisão. As penas pesam também sobre outros sete réus do “núcleo duro” da tentativa de ruptura institucional.

 

O julgamento entra agora na fase final: a PGR tem 15 dias para apresentar suas alegações finais, seguido pelo delator Mauro Cid e depois pelas defesas dos demais réus. O julgamento ocorrerá na Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.



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